A segunda edição de 2016 do Trote Solidário do Núcleo Acadêmico do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (NAS-Simers) chegou ao fim e os números apurados não poderiam ser mais positivos. Neste ano, 832 voluntários participaram da doação de sangue em sete cidades do Estado. Também foram arrecadados 34,6 toneladas de alimentos não perecíveis, entregues ao Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul.
Enquanto uma única bolsa de sangue é capaz de salvar até quatro vidas, uma tonelada de alimentos pode matar a fome de mais de duas mil pessoas por dia. Os dados mostram a importância da iniciativa e também fazem refletir sobre a substituição do chamado trote sujo por práticas que incentivem a cidadania.
“O grande problema do trote sujo é a violência que essa traz consigo, tanto física quanto psicológica. Muitos calouros são forçados a realizar atividades que não desejam, como se expor em demasia ou fazer uso excessivo de álcool. Visto que chegamos ao ponto absurdo de vermos mortes de calouros devido a essas ações, o Trote Solidário do NAS tenta celebrar esse grande ritual de passagem de forma positiva”, pontua Giulia Bonatto Reichert, diretora do NAS.
A experiência de ajudar o outro
Na edição do segundo semestre do ano, as cidades de Canoas (Ulbra e Ufrgs), Caxias do Sul (Ucs), Santa Maria (UFSM e Unifra), Pelotas (UFPel), Passo Fundo (UPF e UFFS), Lajeado (Univates) e Porto Alegre (Ufrgs) participaram do Trote Solidário. Na região metropolitana, os acadêmicos da Ulbra Canoas foram os vencedores da gincana, com o melhor desempenho em termos de participação e doação de sangue.
Durante o evento que marcou o recebimento do troféu de premiação, Miriam Silveira Heine, coordenadora do curso de Medicina na Universidade, destacou a importância de que os calouros iniciem a vida acadêmica com uma lição como essa. Ela falou ainda sobre a importância da empatia.
“Mesmo os alunos que recém estão chegando conseguem entender qual é a concepção que o curso tem sobre aquele médico que é humano, ético, preocupado com o seu semelhante. Aquele que busca o conhecimento para ter a capacidade de ajudar as pessoas. Muitas vezes, eu pergunto no primeiro dia de aula por que querem ser médicos. Muitos respondem que é porque gostam de gente. E o bom médico precisa gostar de gente”, ressalta.
Para Giulia, essa também é uma oportunidade de que os alunos tenham a possibilidade de salvar vidas de maneira simples e muito antes de terem o diploma de médicos em mãos. Entre os calouros, a experiência de participar do Trote Solidário também marcou. Para Amanda Diss, acadêmica de Medicina da Ulbra Canoas e recém-chegada ao curso, a oportunidade permitiu repensar alguns valores, sobretudo a solidariedade.
“Quando estava na sala de espera com meus colegas, para doação de sangue, veio até nós uma moça pedir se poderíamos doar em nome do pai dela, que precisava de 20 doadores. Doamos em nome dele, é claro, mas o aprendizado que ficou foi de que um simples gesto como esse pode não só salvar uma vida, mas uma família que chora por um parente enfermo”, conta Amanda.
Para ela, também foi a chance de deixar a timidez de lado e se sensibilizar por um propósito, especialmente na hora de abordar aqueles que estavam no mercado e pedir se poderiam contribuir. Foi uma chance de ver, na prática, que existem pessoas dispostas a colaborar e que não é preciso de muito para fazer a diferença.
Fonte: Simers
